Por que os prédios estão ficando tão altos em Balneário Camboriú?
Com investimentos de mais de R$ 10 bilhões em mais de cinco anos, Cidade do Litoral Norte pretende se transformar na "Dubai brasileira"
Clube Dos Corretores I Redação
06 Jan de 2016
Muitas cidades catarinenses se orgulham da herança europeia e açoriana. Mas ao menos uma se destaca por um visual futurista e moderno, inspirado em uma famosa cidade na costa do Golfo Pérsico, nos Emirados Árabes Unidos. Estamos falando de Balneário Camboriú, que caminha para se transformar na “Dubai brasileira”.
Os números do setor imobiliário local são impressionantes.
Nos anos anteriores, a construção de 7 milhões de metros quadrados foi autorizada. Multiplicados pelo CUB (Custo Unitário Básico) médio da região (R$ 1.644,49 em Dez/16), significam um investimento de mais R$ 10 bilhões em mais de cinco anos, segundo o Sinduscon–BC (Sindicato da Indústria da Construção).

O que aproxima Balneário Camboriú de Dubai não é apenas o ritmo das construções, mas também a altura e a ousadia arquitetônica dos novos edifícios residenciais.
Apenas uma das construtoras, ergue hoje um empreendimento, com 66 pavimentos, a uma quadra da Praia Central, e outro já na sequencia, com 55 andares, na avenida Atlântica, de frente para o mar.
O diretor da construtora, que conta com um faturamento de R$ 200 milhões anuais, afirma que os edifícios maiores demoram até seis anos para serem construídos.
O preço dos apartamentos varia de R$ 1 milhão a R$ 11 milhões. “A partir do momento em que você consegue vender o destino, fica mais fácil vender um apartamento. Hoje, morar em Balneário Camboriú é um projeto de vida para muitas pessoas. A cidade oferece gastronomia excelente, as melhores baladas do mundo, e belezas naturais incríveis nas praias.”
A população na região, que se consolidou como destino de moradia e turismo de alta renda, cresceu 58% entre 2000 a 2014, passando de 73 mil para 124 mil em pouco mais de uma década, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).Além destes atrativos, preço e altura dos empreendimentos estão relacionados à velha lei da oferta e da procura.

Com apenas 46 quilômetros quadrados, 7% do tamanho de Florianópolis, Balneário Camboriú tem área maior apenas do que Bombinhas no Estado. A disputada Praia Central tem modestos e lindo sete quilômetros de extensão.
A escassez de terrenos para construção ajuda a explicar porque Balneário é a segunda cidade mais verticalizada do país, com 57% dos domicílios sendo prédios, perdendo para Santos (SP), outra cidade litorânea que pode ser apontada como destino frequente de aposentadoria e férias.
Torre acima de 80 andares
O turismo traz gente perto de um milhão de pessoas por temporada e as vezes até passando esse número e também receita. Segundo a Santur (Santa Catarina Turismo), os visitantes ficaram uma média de 10 dias e injetaram *R$ 609,4 milhões entre janeiro e fevereiro. *(dados de 2013)
Mas a vocação de Balneário vai muito além disso. Impulsionada pela construção civil, o PIB local avança mais que a economia nacional, estando na casa dos bilhões. E o desejo de chegar cada vez mais alto promete novos saltos e atraentes empreendimentos.
Tecnologias pros gigantes
“Toda a tecnologia, estudos em túnel de vento, está sendo trazida da Europa, pois ainda não temos aqui. São prédios de até 90 pavimentos, Balneário vai ser pioneiro e quando o restante do Brasil quiser edificar esse tipo de prédio, nos tomará como exemplo”, prevê o Sinduscon–BC.
Especialização no mercado de luxo
Sétimo destino de lazer mais visitado por turistas estrangeiros no país, segundo o Ministério do Turismo, Balneário Camboriú viu o perfil imobiliário mudar nos últimos dez anos. As construtoras passaram a investir no mercado de luxo, naquele comprador que busca um segundo imóvel para lazer e turismo. A análise é do Sinduscon-BC.
A empresária Ester Hassmann Nuss, 50, moradora de Brusque, encaixa-se neste grupo. Há oito anos, ela decidiu comprar um apartamento na planta, no 25º andar de um empreendimento. “Todo mundo quer morar em um lugar que oferece as melhores condições de vida. Balneário Camboriú tem isso.
Moro em Brusque, mas em 40 minutos de carro eu chego aqui. Depois posso fazer tudo a pé, pois a cidade tem tudo perto: restaurantes, lojas, shopping, cinema”, diz ela.
Prova de que o mercado vai de "vento em popa", dos 10 maiores edifícios em construção do Brasil hoje, oito estão em Balneário. “A construção civil é o nosso carro-chefe. Com o pequeno território, não temos como fazer grandes condomínios, com vários blocos. Tem que ser para o alto, nos especializamos nisso. Já temos a engenharia, a mão de obra. Essas obras estão colocando Balneário em uma rota internacional de turismo, como acontece hoje com Dubai”. Segundo o Sinduscon-BC.

Valor médio de R$ 2,2 milhões à beira-mar
A Beira-Mar de Balneário Camboriú (entre a avenida Atlântica e avenida Brasil) transforma-se rapidamente num dos endereços mais exclusivos do Estado. Um estudo da consultoria Brain, de Curitiba, aponta que o preço médio de um imóvel novo na região é de R$ 2,5 milhões.
Além disso, 88% dos empreendimentos enquadram-se no padrão luxo (valor acima de R$ 1 milhão) e o restante na faixa alto-padrão, com o preço em torno R$ 1 milhão por apartamento – apenas um em cada três imóveis da cidade custa menos de R$ 600 mil.
Apesar da oferta de 20 mil leitos da rede hoteleira, a Secretaria do Estado de Turismo aponta que pouco mais de 70% dos turistas que visitam a cidade durante a temporada de verão se hospedam-em acomodações privadas, isto é, domicílios próprios, de parentes, amigos ou locação de imóveis.
Assim sendo, quatro em cada dez domicílios em BC não são ocupados de forma permanente, caracterizando-se como segunda residência, para atividades de lazer e turismo em geral.
A pesquisa da Brain demonstra ainda que, dos compradores de imóvel em Balneário Camboriú, 31% têm interesse para moradia, 21% para investimento e 47% em imóvel de lazer.